A nascente da cidade de Vila Nova de Famalicão e ao longo do rio Pelhe, estendia-se uma vasta área rural, pertencente a antigas propriedades agrícolas, que permaneceu e resistiu, pontuando a paisagem como espaço esquecido do progressivo movimento em “mancha de óleo”. A maior parte dessa área pertencia à Quinta de Vilar, à Quinta das Lameiras e à Quinta de Sinçães.
A aspiração de um espaço verde urbano nesse local estava já presente na memória coletiva da população desde as intenções do Anteplano de Urbanização de Vila Nova de Famalicão, do início da década de 50.
O “Plano Parcial de Urbanização da Zona Oriental da Cidade”, de 1971, classificou como “espaço verde e corredores verdes” todo o contínuo de campos em torno do rio, que assim se preservaram com a função de garantir a transição entre o centro urbano consolidado e a nova frente de expansão. É então materializada em desenho, a área que se destinaria a este grande parque. O planeamento ao longo das décadas foi apontando o objetivo de um eixo verde contínuo, que promovesse a continuidade dos diferentes jardins e espaços verdes que foram sendo constituídos.
Entretanto, o progressivo abandono da atividade agrícola foi ocasionando uma lenta degradação das construções, das margens do rio, e seus elementos físicos, tornando necessária uma reintegração desta área na malha urbana, devidamente reabilitada e requalificada. Em 1990, com a elaboração do “Estudo Urbanístico do Eixo Norte-Sul”, definiu-se o vale do Rio Pelhe e a área então chamada de Quinta da Devesa como áreas fundamentais da estrutura e imagem urbanas da cidade e, como tal, vocacionadas para a criação de um parque urbano. Esta intenção ficou posteriormente consagrada em sede de Plano Diretor Municipal, aprovado em 1994, com a classificação desta zona como Espaço Verde Urbano.
Em 2001 foi decidida a elaboração do Plano de Urbanização da Devesa, com o objetivo de dar resposta às necessidades de habitação da cidade e melhorar a fluidez do trânsito urbano, mas também de contribuir de forma decisiva para a Estrutura Ecológica Urbana do município através da despoluição do Rio Pelhe e da execução de um parque urbano desejado pela comunidade famalicense.
Esta obra foi executada através de uma Parceria para a Regeneração Urbana do Parque da Devesa, em que foram parceiros da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, a CESPU, o CITEVE, a Associação de Moradores das Lameiras e a ADRAVE, que englobou ainda um conjunto de investimentos públicos e privados, designados por Ações Complementares, que se relacionam diretamente com a área de intervenção e que contribuíram para a maximização dos seus efeitos induzidos.
Depois de 50 anos de aspirações da população, o projeto, da autoria do arquiteto famalicense Noé Diniz, foi aprovado, a obra iniciou-se no segundo semestre de 2011, e o Parque da Devesa foi inaugurado a 28 de setembro de 2012.